quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Grupo 04

Alunos : Carolina Lee, Paloma Elizabeth, João Vitor, Thamires, Renata e Isabelle Rodrigues .
Perequê e Açu
Capítulo 04
No dia seguinte bem cedo, antes mesmo que os primeiros raios do Sol começassem a despontar no horizonte, Açu já estava em pé na beira do fogão, esperando sua mãe cortar um pedaço de bolo que tinha acabado de sair do forno, feito com: trigo, ovos, melado e alguns cravos. O cheiro que exalava era muito bom. Espalhava por toda a cozinha.


Seria o seu café da manhã, juntamente com um copo de caldo de cana.

Estava com pressa, ainda tinha que catar minhocas no terreiro, logo atrás da senzala, e vistoriar os anzóis antes de ir pescar na beira do rio.

Francisca foi logo dizendo:

- Açu, você não vai esperar o sinhozinho, Perequê?

- Claro que sim. Mas estou adiantando as coisas porque o dia será longo hoje. Temos muitas coisas para fazer .

- Vê se não apronta por aí filho.

- Pode deixar comigo Dona Joaquina. Rsrs...

- Êta! Muleque endiabrado! Vive aprontando por aí. Obrigado, meu bom Deus, por ele ter o sinhozinho como amigo. Assim, espero que nunca sofra como muitos de nós.

Açu, assim que acabou de tomar o seu café, pega a enxada e parte para os fundos da senzala. Ele sabe que a terra lá da horta é bem macia e cheia de minhocas graúdas. Ótimas para a pescaria.

Lá em casa grande, o senhor Madruga está sentado no alpendre a conversar com a Dona Bárbara que está com a Aimara já tão cedo no colo.

- Madruga, Aimara não passou bem a noite toda;

Com muita febre e chorando muito.

- E por que você não me chamou?

- Bem! Eu não quis te incomodar porque sabia que hoje você teria que pegar a estrada para Vila Rica. Afinal, tem muita encomenda de aguardente para entregar por lá.

- Ora! Besteira sua Bárbara. Deveria ter me acordado. Mas afinal, o que você acha que ela tem?

- Bom! Parece que é um dente que vem nascendo.

- O que você deu para ela?

- eu peguei dois dentes de alho, deixei cozinhar bastante e depois esfreguei na gengiva, onde o dente está querendo nascer. Aprendi que o alho cozido mata a coceira do dente e faz a dor parar, com a velha Inácia.

- Ela tem grande conhecimento e sabe tudo sobre ervas milagrosas.

Segundo ela, aprendeu ainda moça com a sua avó que por sua vez, aprendeu com o povo indígena.

- Mas Bárbara, como Aimara está agora?

- Agora está mais tranquila. Chegou a dormir aqui no meu colo.

- Bom! Não vou viajar mais hoje. Francisco informou que alguns arreios e cangalhas precisam de reparos, e que para isso, precisaríamos de mais um dia. Então, resolvi adiar para amanhã bem cedo. Não dá para subir a Serra, assim. O risco de perder as garrafas de aguardente é muito grande. E o prejuízo seria maior ainda.

- Que bom que vai ficar mais um dia. Fico mais tranquila com você por perto.

Neste momento, o pequeno Perequê, chega à varanda.

- Bênção pai? Benção mãe?

- Deus o abençoe meu filho.

- O dia está bonito hoje, não está? – disse o menino.

Senhor Madruga, logo responde:

- Está sim, filho. Sente-se um pouco aqui comigo e sua mãe.

Dona Bárbara vai logo perguntando ao menino:

- Perequê, você já tomou o seu café?

- Já sim. Passei na cozinha antes de vir para cá e comi alguns pedaços de mandioca cozidos e paçoca de carne-seca e uma caneca de leite. E ao mesmo tempo, via a Quitéria, à nova cozinheira, preparar a massa de massapão. Ela até me deixou ralar os cocos.

- Pelo jeito vai ficar bom filho ! Teve a sua participação . rsrs

- O Açu está me esperando para irmos pescar . Será que eu posso ir papai ?

- Se você prometer que irá tomar cuidado .

- Prometo ao senhor que irei tomar o maior cuidado possível .

- Fique esperto, porque tem vários capitães do mato, por aí caçando um caboclo fugido que dizem estar louco .

-Pode deixar papai, vou ficar apenas na beira do rio, nos limites da fazenda .

O serelepe menino, então sai todo eufórico pelo terreiro em busca da senzala para encontrar com o amigo Açu .

- Açu! Açu!

- Enlouqueceste? Por que grita assim feito maritaca ?

- Larga de ser bobo, Açu . Eu estava, era louco de vontade de chegar aqui logo para irmos pescar.

- É ! Agora está fácil, já catei as minhocas, arrumei os anzóis. Só falta mesmo, é irmos logo para o rio. Por que você demorou tanto ?

- Ora ! Estava dormindo. Assim que acordei fui tomar café. Depois me sentei um pouquinho com os meus pais para conversar .

- Hum ! Perdendo tempo ,viu.

- Êta ! Que amigo abusado fui arrumar . rsrsrs ... Agora quem está perdendo tempo precioso é você, com esta conversa comprida, e nem está percebendo que a galinha carijó está com,endo toda a minhoca que você catou .

- Chi ! É mesmo ! Nem tinha visto. Sai pra lá carijó . Chispa... Chispa . Sai carijó, Sai... Sai .

Os meninos pegam todos os apetrechos para irem a beira do rio pescar .

Ao chegar à beira do rio, Perequê e Açu, trataram de colocar as iscas nos anzóis e começaram a pescar. Logo os peixes começaram a morder a isca . A todo momento um peixe era fisgado .

- Que coisa boa ! Acabei de pegar outro peixe .

- Deste jeito, vamos encher o cesto rapidinho . Assim vamos comer muito peixe cozido, acompanhado de pirão e farinha .

- Que bom !

- Sabe amigo, nasci escrevo, e seu pai é meu dono . Minha mãe sempre diz que o maior sonho dela, era me ver com a carta de alforria na mão . Diz que sonha sempre com isso .

- Olha ! Não costumo me meter nos assuntos do meu pai, e também nunca o vi maltratar um escravo sequer .

- Não estou reclamando de maus tratos Perequê . Só estou dizendo que isso é um sonho de minha mãe .

- Opa ! Peguei mais um .

- A cesta está cheia. Meus pais já devem estar preocupados.

- Vamos embora logo Açu, já está quase na hora ,do almoço e os meus pais já devem estar realmente preocupados .

À tarde já vai caindo, quando Perequê retorna para a casa grande, todo feliz da vida e encontra seus pais de pé no alpendre.

- Por onde estava Perequê ? Hoje o mocinho passou o dia todo fora de casa, sua mãe ficou preocupada e pediu até o Clemente para ir te procurar.

- Estava pescando junto com o Açu . O senhor me deixou ir .

- Deixei, mas não pensei que ficaria quase o dia todo fora. Amanhã, está proibido de sair aqui de perto da Casa Grande. Até porque vou fazer uma longa viagem e não quero você longe de sua mãe. Ela até reclamou que você hoje, nem chegou perto do piano .

- Pode deixar papai, prometo que amanhã, volto a fazer as aulas de piano e não vou sair de perto de casa .

- Assim espero, Perequê .

Dona Bárbara pergunta ao menino :

- Você não comeu ainda filho ?

- Comi sim, a Joaquina fritou os peixes que eu e Açu pescamos e fez um pirão com o caldo da cabeça do peixe e nos deu para comermos .

- Então tá certo . Vamos entrar e descansarmos, que o dia amanhã, vai ser longo .

Todos se recolheram, exaustos, devido ao agito do dia .

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